Cheguei a Teresina em março de 1985. Naquela época, o bar Nós & Elis já havia se firmado como point de frequentadores de vários matizes: intelectuais, artistas, políticos, profissionais liberais, estudantes, boêmios, etc.
Claro que, com qualidades tão inovadoras, passei a frequentar assiduamente o Nós & Elis até os seus estertores em 1994. O Nós & Elis nos deu oportunidade de fazemos amizades, encontrarmos com as pessoas o conhecermos novos talento piauienses. O tempo passou e ficaram gravadas na minha memória inesquecíveis lembranças do bar, até que me deparei na banca de revista com o livro organizado pelo jornalista Joca Oeiras “No Nós & Elis: A gente era feliz – e sabia”, que tornaram ainda mais vívidas todas as minhas lembranças dos fatos e acontecimentos vivenciados e ocorridos naquele estabelecimento de entretenimento.
O jornalista Joca Oeiras, que não conheceu o bar, fez um trabalho primoroso; foi atrás dos tradicionais frequentadores e, como arguto escritor, organizou uma coletânea de textos e crônicas que se transformou numa obra deliciosa. O Nós & Elis era um ambiente saudável, aconchegante, acolhedor, social, performático, politicamente correto, além do expressar manifestações artísticas e culturais de vanguarda, ou melhor, era uma casa que aliava a boemia com produção cultural. Como casa noturna de esquerda (criada à imagem e semelhança do saudoso Elias Ximenes do Prado Júnior, posteriormente deputado estadual pelo PDT) também era frequentada pela direita, e por isso tornavam as discussões políticas bastante acaloradas. Lá também era ponto de encontro social, onde flertes, namoros, noivados, casamentos e desilusões amorosas também aconteciam.
No Nós & Elis desfilaram vários artistas, como Geraldo Brito, Edvaldo Nascimento, Aurélio Melo, a família Fonteles, Roraima, Carlos Ramos, Patrícia Melo, Netinho da Flauta, grupos Candeia e Varanda, entre outros, transformando-se num marco da cultura piauiense, com manifestações de várias tendências artísticas, como quarta poética, representações teatrais e humorísticas, no mesmo clima de abertura política vivida naquele período no Brasil. Não poderia deixar de destacar aqui o músico sanjoanense Netinho da Flauta, de saudosa memória, que praticamente fez do bar Nós & Elis a sua casa, e que por sentir-se em casa fez lá apresentações memoriáveis, era sem dúvida nenhuma um dos artistas mais identificados com o Nós & Elis, flautista de raro talento, mas que muito cedo nos deixou, ficando na nossa lembrança o som afinado da sua flauta.
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